quarta-feira, 15 de julho de 2015

Não espere as férias chegar para viver!


Assim como a maioria das pessoas, Carolina vive delirando: “Ah,  quando as férias chegarem... aí sim eu  serei feliz! ”
- Carolina, vamos ao cinema? Diz a amiga.
- Ah, estou sem tempo! Mas quando as férias chegarem, eu vou!
- Carolina, vamos tomar um café e jogar conversa fora? Diz o amigo.
- Não posso, tenho que arrumar a casa, mas quando as férias chegarem  me chama que eu vou, hein?
- Carolina, vamos andar de bicicleta? Diz o irmão.
- Não  posso... preciso estudar... Mas nas férias você me chama!
- Carolina, deixe-me te amar? Diz o pretendente.
- Amor? Hahaha, não há tempo para amar!


Por acaso você se identificou? 

Férias, férias, férias... Quem não sonha com elas?  São delírios, palpitações, dores de barriga, tensão, febre, dores de cabeça! Contamos os dias para elas chegarem, e quando elas chegam....

O fato é que damos desculpas demais! E de fato não temos mesmo tempo e nos angustiamos com isso.
Aquele tempo que nos falta para olhar com cuidado o  filho, aquele tempo que não chega para o merecido descanso, aquele tempo que você não encontra para dizer o quanto ama quem está ao seu lado.

- Vivemos num tempo sem tempo! Diz o poeta.

Mas até quando?
Até quando viveremos nos martirizando que ele nos falta?
Será que precisaríamos aumentar as horas do nosso dia para além das 24 horas?
Aquela correria de trabalho, supermercado, contas a pagar, família, lazer....
Lazer!  Olhar para o nada, sem hora para acordar, sem hora para dormir...

Ah, as férias! 
Férias????

Enfim chegaram as Férias de Janeiro… E agora?










Quer dizer que só há vida nas férias?

Quer dizer que ficaremos esperando 11 meses do ano para que possamos viver 30 dias? E o restante do tempo? Vamos matá-lo?  Vamos assassiná-lo a punhaladas? Vamos deixá-lo  escorregar entre os dedos como se ele não existisse....como se as férias fossem tudo ou nada? 
E o tempo real? E o tempo instantâneo? E o tempo agora? Onde ele está? Onde ele fica nessa confusão toda que fazemos com ele?

E a nossa vida?

As férias, o tempo...

Por que não conseguimos viver dia após dia?
Por que não conseguimos olhar nos olhos das pessoas desconhecidas todos os dias?
Por que não conseguimos ser gentis com cada um que esbarramos na rua diariamente?
Por que não conseguimos ouvir o passarinho cantar todas as manhãs?
Por que não conseguimos amar dia após dia sem esperar as férias chegarem?


Enquanto nós esperamos ter " tempo para viver" é bom refletirmos que ele pode não chegar! 

Como dizia Mário Quintana: " A única falta que terá será desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará."


domingo, 29 de março de 2015

Em resposta ao Editorial de 26/03, do Jornal Folha de São Paulo "Deseducação pela Greve"


Sinto-me indignada com o posicionamento do Jornal Folha de SP, (editorial 26/03) “Deseducação pela Greve”( http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2015/03/1608224-editorial-deseducacao-pela-greve.shtmlno qual a Folha se posiciona contrária à greve dos professores estaduais de SP.  O  Jornal demonstra uma falta imensa de conhecimento dos problemas educacionais estaduais, ao dizer não saber o motivo dos professores estarem em greve, já que os mesmos receberão bônus “cala boca” dentro dos próximos dias. 

Revolto-me profundamente ao ver  o jornal se posicionar contrário à paralisação, já que o mesmo publicou no final de 2014, uma matéria (conforme o link abaixo: http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2014/12/1556283-alckmin-corta-verba-de-escolas-paulistas-destinada-a-limpeza-e-obras.shtml), dizendo que o Governador Geraldo Alckmin cortou as verbas das escolas estaduais, inclusive para papel higiênico, obrigando professores e funcionários a levar papel de casa a fim de cuidar de seus asseios básicos diários.

Envergonho-me ao dizer ser assinante de um jornal que não compreende a educação como a grande esperança para minimizar os problemas econômicos, políticos e sociais do nosso país.

Entristeço-me ao saber que a Folha,  um jornal que se diz tão democrático, desconhece a realidade das escolas públicas estaduais, na qual um professor no final de carreira, recebe praticamente o mesmo  que um iniciante na Prefeitura de São Paulo.


Sinto-me chateada ao ler tal edital, afinal ,apesar do Estado de São Paulo ter o piso nacional superior ao restante do país, é o estado mais rico e onde o custo de vida é mais alto também, portanto, faz-se necessário remunerar bem seus educadores. Porém, é um absurdo achar que um professor que possui um salário piso de R$ 2.416,00 consegue sobreviver na atual crise econômica, sendo obrigado a acumular com dois ou três trabalhos diários em outras redes de ensino, o que o impede de ter o mínimo de qualidade de vida, e muito menos tempo para preparar as aulas.

Creio que a Folha de SP desconhece também  que na rede estadual há em torno de 57 mil professores contratados, um número muito alto diante do total de professores da rede, em torno de 251 mil; não deve saber também que o Governo de SP fechou 2700 salas este ano, demitindo milhares de professores, e ainda este jornal nunca deve ter ouvido "dizer" que com o fechamento de salas, as que  restaram estão superlotadas. Há salas com mais de 50 alunos frequentes.

E com certeza, esse jornal não soube da escola E.E. Prof.Alberto Conde, na Zona Sul de São Paulo, que necessita urgente de reforma, ou então da escola E.E. Dr. Miguel Vieira Ferreira, na Vila Medeiros, onde goteja dentro da sala de aula, e alunos são obrigados a ter aulas nessas condições. Ambas escolas já foram denunciadas na Assembleia Legislativa pelo Deputado Estadual Carlos Giannazi.

Cara Folha de São Paulo, vocês envergonham o Brasil ao dizer ser "Um Jornal a serviço do Brasil" , mas que agora, professores e sociedade enxergam que vocês caminham ao lado de um governo que está no poder há mais de vinte anos, um governo que sucateou a educação, um governo denunciado em desviar milhões e milhões de reais em esquemas de corrupção, um governo autoritário, conservador e que falta com a verdade. 

Nestas condições, é necessário que o jornal conheça melhor, e de perto, as atuais condições de trabalho da rede estadual de ensino, antes de se posicionar contrário à greve legítima dos professores estaduais de SP.

Michelle Bernardes
Professora da Rede Municipal de Ensino de São Paulo 


domingo, 1 de fevereiro de 2015

Família é Família!

Assistindo agora a pouco a Série da GNT "Família é Família- Episódio 10 - Muita gente lá em casa", me surpreendo com uma família carioca que vive harmoniosamente bem no "mesmo quintal". Uma família bastante interessante e muito tranquila, divide o mesmo terreno. Vou dar uma exemplificada: um casal que tinha uma filha se separou, a ex-esposa casou-se novamente e com esse novo marido teve também uma filha. O ex-marido, se casou também e com a nova esposa, tiveram também uma filha. Num determinado momento, enquanto as crianças ainda eram pequenas, resolveram todos morar no mesmo terreno. Cada novo casal na sua casa, com sua nova família, e ainda numa terceira casa, a irmã da "ex-exposa" e numa quarta casa seus pais.

Esse programa da GNT "Família é Família" mostra as novas configurações da família brasileira. Famílias, como nessa família, de pais separados que moram juntos com suas novas famílias, há também mulheres que se casaram e moram com seus filhos, ou homens que se casaram e também moram com seus filhos, e as mais novas famílias brasileiras. É muito bacana dizer que hoje não deve-se haver mais tabus impostos às novas famílias, afinal,  elas se "entendem" muito bem, sem que haja interferências, principalmente do Estado, com relação aos casais homossexuais.

Fico muito feliz em ver novas famílias se constituindo. Por anos tive o prazer de abraçar o filho do meu ex-marido, irmão do meu filho, hoje com 19 anos. Comecei a namorar seu pai quando ele tinha 4 anos e acompanhei sua vida até os 17, quando eu e seu pai nos separamos. Foi um imenso prazer fazer parte de uma família que já era "meio constituída". Agora a pouco falava com minha mãe e minha  tia sobre isso, sobre como, quando entramos na vida de alguém pra valer, abraçamos tudo, inclusive as famílias! E como é difícil numa separação, nos afastarmos delas.

Hoje, separada, meu filho tem 5 anos,  sei que a vida segue seu rumo. Torço para que meu ex-marido refaça sua vida e que encontre uma mulher tão bacana e que ame tanto o meu filho como eu amei o filho dele, e tenho certeza de que ele torce pelo mesmo!

A vida é tão fácil de viver, mas as pessoas complicam tanto... ninguém compra mágoa na próxima esquina, mas quando as separações se dão de uma maneira tranquila, as futuras relações naturalmente se darão também. Filho não é cartão de ponto em que os pais tem de pegar num determinado horário e necessitam "devolver" no outro.  Tudo pode ser levado em conta respeitando o tempo e os desejos das crianças, afinal, elas também possuem sentimentos, além de ser o resultado de, quase sempre (?), um grande amor.

Meu desejo profundo é que as pessoas, os casais, os novos casais, e as novas famílias possam tentar um relacionamento em que prevaleça o respeito, o amor, a paz e a alegria em viver!

Faço minha homenagem, na foto abaixo, a essa maravilhosa família, que me emocionou de imediato, na sua constituição, nos seus valores, no respeito que todos nutrem por si.

Família é Família! Que eu, que você, que todos nós possamos amar nossas famílias como elas são, e ainda as novas famílias, que de certo, entrarão nas nossas vidas!

Abaixo um trechinho do vídeo do episódio do qual eu cito, do Programa "Família é Família":
http://gnt.globo.com/programas/familia-e-familia/videos/3726938.htm






quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Os direitos humanos, a violência e a escola: o que podemos fazer?


Fico sempre preocupada com os reais Diretos Humanos.

Ao ler o artigo "Direitos Humanos, utopia brasileira" na Folha de SP de domingo (11/01 - Tendências/Debates), de Atila Roque, que é diretor-executivo da Anistia Internacional no Brasil, fico me perguntando tantas coisas...Uma delas é que a violência contra "os brancos" diminuiu 32% e contra os "negros" aumentou 32%... O que significa um preconceito muito grande quanto a cor e a classe social das pessoas... E também nos mostra, que o Brasil é SIM um país preconceituoso! Ainda assim, não podemos permitir que o preconceito  seja enfrentado apenas por aquele que sofre por ele. Mas também, não podemos culpar apenas as policias por esses homicídios, pois 75% dos policiais mortos no nosso país, foram mortos fora de serviço, ou seja, certamente a maioria deles fazendo "bicos", já que o salário de um policial não é suficiente para que ele possa sustentar a sua família.

No final do ano de 2014, O Prefeito de São Paulo, Fernando Haddad,  divulgou a implementação do Programa de "Proteção Escolar" nas escolas municipais, a proposta visa "manter" a segurança dos profissionais da educação e dos alunos. Desta maneira, os policiais irão trabalhar nas escolas com altos índices de violência (a minha, inclusive), em horários de folga, ou seja, também farão bicos.
Mas vejamos, essa "ação emergencial" vai tão contra aos dados estatísticos de mortes de policiais no nosso país... Algo está muito errado!!! Precisamos formar nossos policiais, que também andam acuados e perdidos, pois não reconhecem mais o seu papel na sociedade.

E mais: Até que ponto "militarizar" as escolas é positivo? Será que não colocaremos a comunidade contra as escolas? Será que tal ação não aumentará o índice de jovens mortos nas periferias? Estas são questões que necessitam de reflexão aprofundada da sociedade e do poder público. 
Mas o que podemos fazer pelos jovens? Se nós, escola e sociedade, não nos reunirmos nos nossos bairros para procurar uma "solução" onde juntos poderemos proporcionar novas perspectivas de futuro, vamos perdê-los para o crime... E não é isso o que nós desejamos! Não podemos deixar que os jovens entrem nessas estatísticas nacionais de homicídios! Fora que muito deles, estão nas prisões sem nenhuma condição humana de se viver... Sabemos que a cadeia não é a solução, além de ser um lugar muito caro e amedrontador para tornar as pessoas piores! No nosso país, é desumano as condições em que os presos vivem. 

Mas, enquanto não temos políticas públicas que "resolvam" essas questões, nós mesmos vamos "tentando" minimizar essas situações e estatísticas. Mas como? com iniciativa! conversando com os colegas, divulgando e debatendo as  nossas ideias para possíveis  reflexões e "soluções". E no caso das escolas,  chamando as comunidades, pais e alunos para conversar sobre o tema, e tentarmos juntos minimizar as barreiras sociais nas periferias, de modo a provocar tais ações nos sindicatos, nas escolas, e procurar políticos que abracem essas causas, a fim de que possamos levar nossas angústias ao poder público.

É somente desta maneira, que a sociedade irá se alterar, é necessário urgente a mobilização social, não podemos apenas continuar sentados esperando que nossos governantes tomem atitudes, precisamos indicar a eles as nossas necessidades, e cobrar, conscientes e sempre! 

E Como disse Atila Roque ao final do seu artigo "Esses são pontos de uma agenda de mudanças pela qual vale a pena mobilizar recursos, energia e paixão."

Para ler o artigo de Átila Roque na Folha de SP de domingo, acesse: 

Para ler parte da reflexão que enviei à Folha e o jornal publicou no Painel do Leitor, clique no link abaixo: http://www1.folha.uol.com.br/paineldoleitor/2015/01/1574484-leitores-comentam-artigo-sobre-direitos-humanos.shtml

Para saber sobre o Programa de Proteção Escolar da Prefeitura de SP, acesse: